Arte sempre foi um lugar de resistência, desde quando era mágica, religiosa. Em essência não mudou, pois sempre resistiu à morte. Além disso, hoje resiste à alienação, à padronização, à moral. Arte é uma arma pacífica de resistência, como flores que saem de fuzis.
EU SOU TODOS: pensamentos e aforismos
Sou todos e não sou ninguém. Sou muitos e não sou nenhum.
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
terça-feira, 1 de outubro de 2024
domingo, 22 de setembro de 2024
Sobre ostentação
Ouvi dizer que a ostentação é coisa de pobre e que o rico não ostenta ou não costuma ostentar. Porém, de forma geral, essa não é a realidade. O pobre, quando alcança ascensão social pelo ganho financeiro, usa seu dinheiro para adquirir os bens que o rico ensinou a ele que deve ter para ter a aparência do rico e exibir seu sucesso. São os objetos de distinção de classe, entre ricos e pobre. Ora, o rico sempre ostentou e ostenta. Ele faz isso exibindo grifes caras de roupas, relógios, automóveis, imóveis gigantescos com tantos cômodos que ele jamais utilizará. O que principalmente o rico gosta de ostentar é a seu séquito de pobres que dependem dele, ou seja, ostentar o poder de classe. A diferença entre a ostentação do podre e a do rico é puramente estética, de gosto. Pois o gosto também é uma forma de distinção social. São os gostos de classe que são transmitidos e ensinados. Esses gostos dos abastados não são ensinados ao sujeito periférico. Então quando o pobre ganha dinheiro, a referência estética que ele tem é diferente. O gosto por objetos de luxo e a forma como ele os exibe é diferente. Se o pobre ostenta grossos colares de ouro, o rico ostenta um belo relógio de ouro e diamantes. É um mito a ideia de que o rico não ostenta. É um mito dizer que ostentação é coisa de pobre. Ora, em um mundo capitalista devotado ao consumo, para que afinal serviria tanto dinheiro para os espíritos pobres senão para o consumo de artigos de luxo.
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
domingo, 1 de setembro de 2024
A maior grandeza humana
A grandeza do ser humano reside em sua capacidade de aceitar e compreender toda, absolutamente toda, a diferença do outro.
segunda-feira, 15 de julho de 2024
As mortes do professor
É bastante provável que o professor morra em sala de aula, em pleno exercício da profissão, despido de toda humana dignidade. Senão a sala em sua forma asfixiante ela mesma o mate. Não é mais inverossímil dizer que talvez o seu assassínio venha pelas mãos de um estudante. Por certo morrerá definhando o professor dentro do professor, até que dentro e fora já não mais se distinguam.
terça-feira, 2 de julho de 2024
A loucura de cada um
A sanidade é um delírio. É natural do pensamento racional querer organizar, separar, normalizar tudo. Tenta-se por diversos meios. O fracasso é a regra geral. Pois vive-se entre um e outro, a sanidade e a insanidade. É uma condição inescapável. A loucura de cada ser humano constitui seu caráter. Se ela será tolerável para nós é só uma possibilidade. Mas é, certamente, o que dá a cada um de nós uma identidade singular, única.
domingo, 16 de junho de 2024
Sujeito exíguo
O Sr. é artista? Que obras criou?
Minha obra é exígua.
E também é poeta. O que publicou?
Minha publicação é exígua.
Escritor, de quais contos e romances?
Tudo bastante exíguo.
Em que trabalha? É professor.
O trabalho é abundante!
E o salário?
Exíguo!
Por outro lado, gasto em abundância.
Sente fome?
Minha fome é enorme!
Mas minha capacidade de satisfazê-la é exígua.
Sobre a roupa
O impacto que a roupa no corpo de alguém tem sobre as pessoas é inevitável. Não penso na roupa como moda estabelecida por um sistema industrial criando uma uniformidade estéril. Penso na roupa como indumentária do corpo, segunda pele. O impacto é tanto maior quanto for a harmonia do corpo com o que lhe veste. E não é no sentido de acentuar sua forma, mas de lhe dar uma nova forma cuja a roupa e corpo tornam-se uma coisa só.
O Universo
Minha concepção pessoal de Universo é que ele é finito, se torcendo sobre si mesmo a maneira de uma fita de Möbius, a finitude do Universo está em sua fronteira, mas o caminho é infinito.
quinta-feira, 2 de maio de 2024
O ateísmo como fé
Não sendo possível para a ciência provar a existência de Deus, sua inexistência é igualmente impossível de refutar. De modo que o ateísmo só pode se basear em uma fé. Devoção na negação. Uma religião sem igreja.
sexta-feira, 5 de abril de 2024
O que o dinheiro não compra
domingo, 28 de janeiro de 2024
O triplo dilema da propriedade
O triplo dilema da propriedade consiste em ter para que os outros não tenham; ter como os outros e ter com os outros. Qual seja, ao fim e ao cabo tudo se reduz a transitoriedade inerente da posse.